∷anotações pessoais∷

13-05-2019 - Olá

Olá, seja bem-vindo ao meu site!

Essa não é a primeira vez que eu tento manter um desses, mas estou sentindo mais segurança agora do que nas outras vezes. Talvez pelo fato da aparência dele ser inteiramente fruto do meu trabalho, ou por não correr o risco de desconfigurá-lo com um deslize, como acontecia no hotglue.me...

Enfim, aqui pretendo registrar e organizar meus pensamentos, tomar notas das coisas que tenho lido/aprendido, e também manter um diário de sonhos para referência futura. Dessa maneira, suponho que não encontrará nada especialmente interessante aqui, mas fique à vontade :)

14-05-2019 - Uma existência que afirme a vida

Hoje eu fui no MASP e fiquei impressionado com a quantidade de meninas bonitas que encontrei lá. Não vou fingir que essa constatação tenha grande importância, mas o que vale é o seu efeito sobre mim, o desejo de levar uma existência que afirme a vida, de participar desse grande círculo ao invés de ser só um espectador.

No entanto sinto-me incapaz de agir em relação a esse desejo, sinto-me “café-com-leite”, como se estivesse em outro nível, como se essa vida não me fosse acessível e não me pertencesse.

O problema é que eu sei que esse inferno pessoal é (predominantemente) uma construção mental minha; eu sei que a realidade material, por mais que se imponha, dificilmente justifica minhas crenças (e ações, por consequência). Por que então eu não consigo agir? Será que eu não acredito de fato nessas sóbrias conclusões? Será que eu estou apenas habituado a um modo de pensar/agir e não consigo me livrar desse vórtice? Seria a explicação uma combinação dos dois fatores (crenças insinceras que não são o suficiente para sustentar um primeiro movimento)?

A minha psicóloga, levantou a questão de uma possível perda de identidade: justifico meu modo de agir e pensar como reflexo da minha personalidade, uma consequência natural e inevitável; no entanto, essa personalidade disfuncional não é genuína, e sim uma construção tenebrosa que tomou forma ao longo dos anos.

Fui lá procurando um método de socialização simples de seguir e recebi como sugestão a escrita sobre “quem sou eu”. Para ser sincero eu já estou um pouco cansado da maneira com que ela vem trabalhando comigo, mas vou dar uma chance ao exercício.

21-05-2019 - A raiz de todos os males?

Recentemente, no ônibus, voltando de São Paulo pra Bragança, senti uma dor muito incômoda na minha mãe direita. Lembro que rapidamente pensei algo do gênero “Que tragédia! Sou tão jovem e já sinto dores na minha mão direita, a propósito, a única mão que vou ter até o resto da minha vida”.

Dramaticidade à parte, esse episódio serviu para me mostrar, pelo menos, uma parte do confuso quebra-cabeça que é a minha identidade: quero que o meu tempo nesse mundo afirme a vida.

Com essa conclusão (e com a leitura do “Como viver em 24 horas”), também me ficou muito clara a origem da minha infelicidade constante: como seria possível alcançar satisfação pessoal quando minhas ações contradizem integralmente um dos meus valores mais importantes?

Resta então a pergunta: por que eu não pareço capaz de alinhar essas duas áreas tão interdependentes? A resposta é simples, são os meus sérios problemas de autoimagem que me impedem.

Eu detesto minha aparência, minha voz gravada, o jeito como falo... (Haveria relação entre sentimentos e minha ideia semiconsciente de usar uma máscara? Entre minha reação íntima com a imagética das máscaras e conchas do mar?) É impossível pensar que os outros (em especial as garotas) talvez não me julguem com os mesmos maus olhos com que eu julgo a mim mesmo.

Está colocado o dilema: uma alma que deseja fazer parte de tudo o que a vida tem a oferecer, acorrentada e mutilada por anos de auto sabotagem e negligência.

A psicóloga sugeriu que eu utilizasse minhas próprias fotos online para me habituar com a minha imagem. Não contei a ela que eu havia criado uma conta no “OkCupid” na noite anterior, mas aparentemente já dei um primeiro passo. Vejamos o resultado dessa “empreitada” nos próximos dias (não tenho grande esperança, mas ok).

05-06-2019 - Escrita livre I

Existe uma outra forma de se sentir entusiasmado com a vida, além de me imaginar interagindo com o mundo, o desejo profundo de criação.

Esse desejo se manifesta quando eu penso em desenhar, mas também quando eu faço planos para criar abelhas, plantar árvores, criar um site (como é esse mesmo!).

Pois bem, se esse impulso é tão presente, qual é a dificuldade em entrar, de fato, em ação? De transformar essa energia potencial em movimento?

Por exemplo, você fez o curso de meliponicultura, mas não se sente com energia suficiente para desenhar planos para uma possível caixinha de abelhas; você coloca as sementes de abacate na água, mas posterga indefinidamente a transferência delas para a terra; você fantasia sobre criar estampas para camisetas, mas nunca fez uma sequer (daquelas que haviam sido idealizadas).

Os exemplos abundam e é uma tristeza se dar conta disso. Qual seria o motivo? Preguiça me parece muito vago... Peguemos o exemplo do abacateiro: hoje eu vi que o pé mais desenvolvido já tem raízes vistosas e pensei em transferi-lo para o vaso do fundo, mas não o fiz. Pensei que já estava fazendo uma tarefa, então não fazia sentido começar aquela atividade com pressa.

Talvez seja por isso que eu admiro estes “homens do campo” (pense no Oscar), pela admirável autossuficiência, determinação e empenho... Eles querem fazer algo e vão lá e FAZEM. Enquanto isso, você sente aquele desejo inicial e o admira por meses a fio, até que ele perca o seu brilho original.

Seria isso falta de objetivo? Seria isso falta de coragem para mergulhar no íntimo da sua alma e comtemplar aquilo que você quer/poderia ser? Estaria isso relacionado com o desejo de afogar o seu raciocínio em música quando você se propõe a escrever algo? Ou então com o desejo quase que incontrolável de ligar o computador e entrar no velho ciclo de enevoamento/ocupação mental de sempre, quando de início havia uma série de planos (ou ideia mais úteis) para aquele momento?

A verdade é essa, você tem sido um postergador crônico quando se trata da sua vida, e um COVARDE! Sempre nesse ciclo de deslumbramento com caminhos possíveis e posterior abandono de toda sorte de projeto.

Olha o gramado da sua casa, porra! Olha aquelas canas-de-açúcar enormes! Você vê aquilo e pensa: “Poxa, quando será que vem o jardineiro? Queria que o rapaz que cuida das abelhas viesse fazer isso pra mim...” Que merda! Você é um preguiçoso, vivendo num mundo de fantasia que tem uma estética que te agrada, e mais, num mundo onde a sua versão idealizada existe e serve de anestésico, impedindo qualquer transformação e crescimento no mundo real.

Você olha a merda que é a sua casa e a sua vida, e está sempre alegando falta de tempo. Seja homem, porra! Nas suas férias você não fez praticamente nada de valor!

E está sempre empurrando com a barriga, veja: vou desenhar -> ganhar dinheiro -> dinheiro como ferramenta para eu não precisar me engajar com o que quer que seja o desafio da vez.

Amanhã é o dia, vamos escrever as coisas que nos incomodam, as tarefas pendentes, e vamos programar datas para realizá-las. Já no café da manhã falarei sobre os boletos e sobre a máquina de cortar grama.
No trabalho, escrever!
-Lista de afazeres.
-Lista de objetivos/interesses.
-Programação.

Seja o tipo de pessoa que você quer ser, pelas suas próprias mãos. Você tem sido um merdinha: preguiça + covardia + falta de ferramentas (surgindo como a desculpa derradeira para a inação). CORRIJA!

28-06-2019 – Sobre academia

De onde vem o desejo de fazer academia? Vem da insatisfação com o próprio corpo, e, eventualmente, sob a forma de uma promessa de relacionamentos amorosos no futuro.

É preciso diferenciar o joio do trigo; se por um lado você sabe que grande parte do seu incômodo é mental, oriundo de problemas que precisam ser solucionados na arena psicológica, por outro, é fato que a academia poderia ter efeitos positivos sobre a autoestima, humor e vida amorosa.

É preciso atacar a causa do problema, mas ao mesmo tempo reconhecer que se o remédio que você vinha tomando não foi adequado para curar a “doença”, ele também não deixou de trazer benefícios em outras áreas, uma bênção indireta.

O desejo de fazer academia deve vir de um lugar de crescimento e positividade, deve ser um ato despretensioso de amor próprio, e não uma barganha, não o reflexo de ressentimento e carência.

Anteriormente, adotei a calistenia pois julguei-me amadurecido; pensei que tomar um caminho menos eficiente (no sentido de resultados estéticos) seria prova suficiente do meu crescimento, prova de que a atividade física havia deixado para trás a sua conotação negativa e sabor amargo. Na realidade, minha mentalidade continuava a mesma.

A reintrodução da academia na minha rotina é algo digno de consideração, mas lembre-se: ela não deve ser um ato de destruição da pessoa que você não gosta de ser, mas sim um ato de cuidado e de amor, para a pessoa que você é possa celebrar apenas mais uma manifestação do seu ser.

Lembre-se das suas ex-namoradas e desatrele da atividade qualquer noção de finalidade externa, qualquer expectativa de recompensas que não uma maior energia e autoestima.

28-06-2019 - Sobre ch*ds

Essa reflexão pode não ser tão contemporânea quanto deveria ter sido, considerando que estive mais angustiado há alguns dias, mas ainda é válido para purificar a alma e tentar transformar o caos em algo produtivo.

Recentemente, experimentei grande angústia e sentimentos ruins ao contemplar a hipótese remota de me encontrar com a R, e me oferecer à ela como parceiro em potencial: Será que eu seria atraente o suficiente?

O pensamento logo se enraíza no cérebro e se nutre de um grande arquivo de inseguranças, acumuladas pelo tempo de uma vida.

Por falta de amigos realmente próximos, fui buscar consolo com o Daniel, de todas as pessoas.

Assumo que uma das intenções subliminares era receber afirmação externa dele, uma pessoa que admiro e desejo sexualmente. No entanto, não só não obtive isso, mas também tive que enfrentar um discurso completamente ideológico (como geralmente são os que saem da boca dele) sobre como minhas preocupações eram infundadas, pois o que de fato importaria para as mulheres é a personalidade.

Hoje sei que tudo não passou de um mal-entendido, mas logo após o discurso ele me diz que todos os seus interesses românticos durante a adolescência se pareciam muito com o estereótipo de um homem atraente (Ch*d), e que isso seria sinal de seu gosto seletivo e peculiar.

Como peculiar se os rapazes eram todos classicamente atraentes, porra?! Seu gosto “único” nessas circunstâncias, não passa de seletividade extrema, exercida com o direito de o ser, considerando a atratividade dele mesmo como pessoa.

A discussão enveredou-se pelos caminhos do debate político, mas a verdade é que eu somei o meu usual senso de inferioridade à rejeição do Daniel frente à sua declaração, ao tempo, hipócrita. “No fim das contas eu só sou muito feio para ele, e ele vem aqui enganar com essas palavras vazias! ”.

Sobre beleza em geral, suspeito que jamais voltarei a olhar o assunto com olhos inocentes, o que está feito está feito, mas devo manter em mente o fato de que não atingi ainda nem a metade do meu potencial como pessoa e como possível parceiro para alguém. Há então ainda muito espaço para crescimento.
E mesmo que não o houvesse, consegui namoradas antes, não? Então que seja, se a vida é especialmente dura para homens feios, tem a sorte de não fazer parte desse grupo de desafortunados, no extremo oposto na escala de atratividade.

A chave? Não mais vincular valor próprio à aprovação de R. e nem do Daniel.
ISSO É CHAVE.

28-06-2019 - Sobre câmeras e arte

Recentemente lancei luz sobre o meu problema com a concretização de planos.

Tenho me interessado por fotografia, me parece uma boa ferramenta para me “elevar”, um hobby simples, mas ao mesmo tempo com um “teto de habilidade” altíssimo. Supre em parte o meu desejo por expressão artística e me parece ser o hobby perfeito para o “eu ideal”, essa figura hipotética que surge para mim em fantasias diurnas, numa praia, cercado de amigos, casualmente capturando momentos memoráveis.

Tomando os devidos cuidados com esse tipo de idealização, a fotografia surge no horizonte como uma nova e útil área do conhecimento, algo que talvez possa me fazer sair de casa e me aproximar de pessoas. A falta de equipamento adequado também me excita, e contribui para a noção de superioridade (Tomemos cuidado com isso!).

Outra coisa que tem me preocupado é a relação que isso possa ter com o desenho, que tem sido visivelmente negligenciado. Será que a perspectiva desse hobby tem abafado o “choro” do desejo por expressão (que antes só possuía uma válvula de escape)?

Sendo bem honesto, sinto fraco o desejo me tornar um ilustrador agora, e isso é perigoso. Talvez eu tenha me desvencilhado da ideia perigosa de que sou melhor do que os outros e que minha arte mercê um lugar ao sol, mas de fato o desenho continua sendo a minha melhor saída desse subemprego, e uma promessa de maiores rendimentos caso eu consiga me inserir no “mercado”.

É preciso levar a separação entre o pessoal e o profissional ainda mais adiante. Se você largou a intenção de misturar ambições artísticas com uma rotina profissional, ainda falta a separação entre satisfação do desejo por expressão e trabalho de fato. Sua “sede” está sendo contida, nesse momento, pela fotografia, mas então DESENHE POR TRABALHO.

Se interesse o bastante para ter um objetivo profissional, porra. DESENHE MAIS.

*Adendo ao texto, feito no momento da transcrição*

Idéias:
- Voltar a fazer parte do /las/, com uma ilustração por dia?
- Ressuscitar o Instagram? Frequência constante semanal?
- Separar uma janela de tempo no próprio NAPA para compor as imagens?
- Comprar carimbo de data como o do Gibran?

01-07-2019 - Sobre R.

O que a R. representa para mim?

Sim, ela é uma garota bonita, mas existe um nível mais profundo nessa “atração”, se é que é possível nomear a dinâmica dessa maneira.

R. é racista, fixada em ideais estéticos clássicos e tem algumas opiniões políticas duvidosas; mas se tornou uma espécie de parâmetro de beleza feminina para mim, o meu “tipo”, talvez. Sendo assim, ela se apresenta no horizonte como um agente de seleção, um grande filtro.

Junte-se isso à minha insegurança se sempre e é fácil perceber como essa situação puramente hipotética poluiu a minha mente com uma série de considerações a respeito de raça, valor estético vs. valor pessoal...

Ela é a grande destruidora que cruza o caminho daquele que tem frequentemente tentado se destruir, ou então nutrido a ideia de que tal destruição era merecida.

Precisamos tomar consciência de quais aspectos da sua vida, quais ideias foram afetadas por essa ideia de seleção, e se conveniente, revogar estas escolhas e pensamentos.

Não se intoxique, você já tem que lidar com complexos de superioridade/inferioridade com razoável frequência.